Um estudo publicado na “Clinical Journal of Sport Medicine” mostrou que objetos inanimados estão entre os principais focos de contágio. Segundo a pesquisa, 63% dos equipamentos de academia estão contaminados com vírus. Nos shoppings não é diferente: nesses ambientes, as aglomerações são naturais e, portanto, há um grande perigo de contaminação, já que é praticamente impossível evitar o contato com fatores de risco, como a umidade.
Encontrar um meio-termo entre as imprescindíveis precauções diante da pandemia e as necessidades de uma economia de mercado talvez seja um dos maiores desafios de nossos tempos. Não à toa, shoppings centers e espaços de exercícios físicos de todo o país fazem pressão pela reabertura de suas portas, exigindo posições das autoridades locais e insinuando haver um verdadeiro terrorismo psicológico em torno da contaminação pela covid-19. Porém, apesar de os apelos serem bastante compreensíveis, a opinião de estudiosos e cientistas indica que esses locais são realmente os mais propícios para a proliferação da doença. Daí a ponderação não ser apenas uma decisão política: é praticamente uma questão de vida ou morte.
O isolamento social causa claros incômodos à população. A despeito disso, o longo período de quarentena tem como finalidade alcançar uma diminuição na curva de contaminação, afastando a possibilidade de colapso nos sistemas de saúde. Esse afastamento do convívio normal em sociedade, aliás, mostrou-se bastante eficiente em países como Paraguai e Nova Zelândia, onde as taxas de mortalidade são baixíssimas. Ratificando esse entendimento, o próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sempre foi reticente quanto ao confinamento como medida profilática, demonstrou atualmente concordar com seus resultados, haja vista seu recente pronunciamento no Twitter, em que ponderou sobre o alto preço a ser pago pela Suécia ao não adotar medidas de isolamento.
O lazer e a diversão fazem parte do cotidiano das pessoas. A prática de exercícios físicos e a socialização em ambientes agradáveis indubitavelmente estão entre as recomendações para se ter uma vida saudável. Por isso, frequentar academias e shoppings, mais do que um hobby, acaba sendo um considerável fator positivo para o aumento da qualidade de vida, contribuindo para a homeostasia corporal. Mas isso se dá nas condições normais da sociedade humana, o que não corresponde à atual realidade, com o surto do coronavírus. A adoção das medidas restritivas, apesar dos efeitos colaterais para o corpo e de alguns agravantes indesejados — aumento da violência doméstica e o surgimento de distúrbios psicológicos —, são necessárias e urgentes.
O pesquisador e médico Matthew Faiman, em artigo publicado na seção de notícias da “Cleveland Clinic”, afirma que quando pessoas são colocadas em grandes grupos em ambientes fechados, como academias e shoppings, com condições propícias para que haja contato com gotículas resultantes de tosses ou espirros, há uma maior tendência de propagação de vírus. A norte-americana Saskia Popescu, epidemiologista especialista em prevenção de infecções e pesquisadora de biodefesa, em entrevista para o site de notícias “Vox” afirma que as academias “podem ser lugares difíceis para se manter distanciamento social, e a frequência de contato com superfícies e equipamentos compartilhados faz com que elas sejam especialmente desafiadoras para os esforços de prevenção da infecção”.
No site do “Centers for Disease Control and Prevention” é possível encontrar uma longa explanação sobre a relação direta da proximidade entre as pessoas com os índices de disseminação de vírus. Em uma seção intitulada “Por que praticar o distanciamento social?” há o alerta para as formas imprevisíveis de contágio, como o toque em superfícies e objetos contaminados ou a mínima comunicação estabelecida entre os indivíduos, sejam eles sintomáticos ou não. Assim, ainda que as pessoas nos shoppings ou nas academias mantenham considerável distância entre si, é muito provável que tenham contato com objetos infectados, e que em algum momento levem as mãos ao rosto. No caso de academias, ainda existe o agravante de que os aparelhos são usados por todos e nem sempre são perfeitamente limpos a cada troca de usuário.
Um estudo publicado na “Clinical Journal of Sport Medicine” mostrou que objetos inanimados estão entre os principais focos de contágio. Segundo a pesquisa, 63% dos equipamentos de academia estão contaminados com vírus. Nos shoppings não é diferente: nesses ambientes, as aglomerações são naturais e, portanto, há um grande perigo de contaminação, já que é praticamente impossível evitar o contato com fatores de risco, como a umidade.
O desgaste com a quarentena é intensificado pela necessidade inata ao homem de estar entre seus pares. O comércio, por motivos óbvios, sente o impacto com a queda na circulação de pessoas e tende a pressionar para que haja afrouxamento das condições estabelecidas pelas autoridades. Mas, no momento, diante das incertezas quanto ao pico da doença no país, não existe recomendação mais saudável do que a de permanecer em casa. É nesse sentido que apontam os estudiosos e também os casos de sucesso ao redor do globo.
Shoppings e academias podem se recuperar após qualquer período difícil. Mas a vida humana, ao contrário das esteiras de corrida, não possui os botões de stop e continue. Ela é uma só.
Estudiosos indicam que, depois de hospitais, shoppings e academias são os piores locais de contágio publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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