terça-feira, 31 de dezembro de 2019

2019: viver foi uma roda gigante

2019: viver foi uma roda gigante

2019 foi trator. Mas
também foi bálsamo. Houve ossos estraçalhados pelo caminhão de loucuras que nos
amassou sem dó. E houve estrutura recomposta pela imensidão de força que
descobrimos possuir. Teve dor no peito, dor da perda, vontade de gritar. E teve
mão estendida, pé descalço na areia reencontrando o prumo, desejo de ficar.
2019 foi alvejado por desconfortos e desesperos. E preenchido por coragem e
altivez. Preto, branco e colorido, confuso e esclarecedor, irritante e
divertido, insano e dadivoso… 2019 foi simplesmente o que a vida é a toda
hora: um apanhado de altos e baixos que nos catapultam para frente ora com jeitinho,
ora com rigor implacável.

A gente gosta de se
iludir. Colocar a culpa na quantidade de eclipses que desnortearam o planeta
nesses 365 dias, falar que foi tudo causado pela regência de Ogum, bater
martelo dizendo que ano ímpar só poderia dar nisso. Há quem diz que o problema
são os jovens fora da igreja e quem garanta que faltou mesmo foi semente de uva
jogada pra trás em 31 de dezembro de 2018. Nos canais do YouTube uma centenas
de astrólogos asseguram que a posição da Terra não foi favorável. Nos canais
abertos, o “profeta” engravatado diz que é falta de oração. Alternando
mandingas e crenças, vamos nos convencendo de que o problema foi o ano e nos
preparando para deixá-lo para trás na esperança de que novos regentes e
alinhamentos planetários trarão a leveza que parece estar em falta.

Mas 2019, coitado, é só
um bode expiatório. É nosso amuleto da sorte ao contrário, ao qual nos apegamos
pensando: “ainda bem que está acabando”. É nossa forma de sofrer as mazelas
acreditando que elas pertencem ao ano e não à incansável peleja que é viver. É
nosso “já vai tarde” ao que é ruim e “seja bem-vindo” ao que é bom, na
expectativa de que os fogos da meia noite inaugurem uma nova Era.

Inegavelmente importantes
para nossa capacidade de recomeçar, os simbolismos da virada de ano nos
permitem lavar a alma. A contagem regressiva às vésperas do dia 1 de janeiro
ainda é a forma mais eficiente de reorganizarmos o caos cotidiano, de nos
resetarmos para sobreviver a mais um ciclo. Mas não é ali que reside nossa chance
de dar certo. Não é ali que está sacramentada a possibilidade de aguentar firme
o que está por vir.

A verdade é que novos
tempos acontecem a todo momento. Numa tarde de um domingo qualquer do mês de
outubro, no dia do seu aniversário, no minuto posterior ao pedido de perdão a
quem você tinha se afastado, na terça-feira em que decidiu por o ponto final no
que lhe fazia mal, no dia seguinte ao enterro do pai, à partida do grande amor,
à perda do emprego, ao diagnóstico da doença, à notícia da chacina no jornal. A
verdade é, sim, que reconheçamos toda hora porque a vida nos obriga a sermos
novos sem data marcada. Sem calendário prévio.

2019 foi trator e
bálsamo. E 2020 também será. 2021, 2022, março de 2024 e setembro de 2029.
Todos os anos, todos os meses e todos os dias serão essa incessante gangorra
que nos leva ao céu e ao chão. E será sempre assim: uma enormidade de pancadas
que nos fortalecem e assopros que nos aliviam sem hora anunciada. Por
precaução, pulemos as 7 ondas para um 2020 melhor.

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10 filmes para assistir na Netflix e deixar 2020 mais leve

10 filmes para assistir na Netflix e deixar 2020 mais leve

2019 foi um ano difícil. Tragédias naturais, mortes de grandes personalidades e as controvérsias na política criaram um sentimento de desolação nos brasileiros. Mas, é necessário lembrar que os pequenos prazeres do cotidiano, como assistir a um bom filme, podem deixar os dias mais leves. Para inspirar 2020, a Bula reuniu em uma lista dez ótimos longas emocionantes que estão disponíveis na Netflix. Entre os escolhidos, destacam-se o francês “Um Banho de Vida” (2019), de Gilles Lellouche; e o drama norte-americano “À Procura da Felicidade” (2007), dirigido por Gabriele Muccino. Os títulos estão organizados de acordo com o ano de lançamento.

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O espírito não carrega excesso de bagagem. Tudo o que não servir mais, jogue fora

O espírito não carrega excesso de bagagem. Tudo o que não servir mais, jogue fora

Não sei você, mas tem hora
que me sinto meio intoxicada. Abro as gavetas e só vejo bagunça, reparo um
trincado feioso no vidro do celular, futrico as maquiagens e descubro que
várias já passaram da data de validade. Esbaforida, percebo que o relatório
prometido para a sexta passada está atrasado — de novo! — e que a visita ao
centro de caridade que me comprometi a fazer acabou ficando para o mês que vem.

Aflita, percebo estar
atrasada. Abro a sapateira, o armário de roupas, o de cosméticos e os vejo
abarrotados de objetos que não uso. Os livros que leria este ano ainda estão
envoltos em um plástico irritante, ao lado das revistas semanais que se
acumularam ao longo dos últimos meses. Metade de minha agenda está inconclusa,
mas, de alguma forma, o dia já acabou. Dois segundos, já estamos em 31 dezembro,
parece até pegadinha do deus Chronos.

Quadros como esses merecem
uma faxina e nada mais justo do que providenciá-la no último mês do ano. É
sempre interessante faxinar a casa, o espírito e começar o próximo ano com o pé
direito. Para isso, são necessários esfregão, música bem alta e alguns dias na
agenda — de preferência uma semana inteira. Vamos “feng-shuizar” o ambiente.

Primeiro, o guarda-roupas. É
bom tirar tudo lá de dentro e jogar em cima da cama, junto com todas as pessoas
que integram o seu dia a dia. Faça uma criteriosa análise e selecione aquilo e
aqueles que de fato merecem permanecer. É importante ser honesto nessa hora, ou
algumas peças e pessoas voltarão para lá por puro comodismo. Faz sentido
guardar aquela calça 36 que não serve desde que você tinha 13 anos? É
interessante manter a amizade com aquele colega de trabalho que se sente bem ao
humilhar a faxineira todos os dias? Limpe o armário e devolva apenas o
fundamental. Na primeira oportunidade que tiver, doe as roupas em mãos e abrace
aquele que as receber. Elas podem ser peças importantes na faxina desse
receptor. Já o colega de trabalho, bem… Não precisa doá-lo a ninguém!

Passe para a sapateira. Os
sapatos são os responsáveis por conectar nossos pés ao chão. Talvez seja hora
de repensar os pilares que norteiam a vida, a fim de checar se andam mesmo bem
sólidos. Família, carreira, relacionamento afetivo, amizades, religião… Se as
traças tiverem começado a agir, é hora de analisar a possibilidade de alguns
sapatos serem reformados. Ah, sim, não dá para sair desfazendo de todos eles,
afinal são nossos pilares! Alguns, quando devidamente limpos e reformados, são
capazes de nos dar estabilidade e firmeza ao caminhar. Mas se o sapato incomoda
demais, ou você simplesmente não os utiliza, talvez seja hora de repensá-los.
Repensar o óbvio é fundamental.

Próximo passo: revistas e
livros. Esses itens tendem a acumular poeira, mofo e energia parada. Você
realmente lerá aquela revista de dois anos atrás? Será que não compensa passar
aqueles livros já lidos para frente? Fora os que são de estimação, será que
alguns não seriam mais úteis ao mundo se passados adiante? Já aproveite o
embalo e tire a poeira dos que forem ficar. Quanto às revistas, recicle-as
junto aos velhos hábitos. Há coisas que fazemos por inércia, no piloto
automático, mas são absolutamente desnecessárias. Descubra caminhos diferentes
no trânsito, substitua aquela novela por uma leitura interessante, troque o
sábado de ócio por um trabalho voluntário. Enfim, lance novas perspectivas
sobre tudo hoje e sempre.

Encaminhe-se ao banheiro e
mexa nos armários. Certamente há produtos ali que você guarda há séculos, assim
como aquelas dores e mágoas que sutilmente foram se acumulando de uns tempos
para cá. Banheiro é lugar de limpeza e resolutividade, não um depósito de
coisas inúteis. Veja que mágoas lhe têm causado incômodo, que perdões você não
foi capaz de conceder, que palavras amargas foram proferidas ultimamente.
Faxine geral e tome providências. Não faz sentido procurar a luz, escondendo um
punhado de sombras em alguma gaveta perdida na alma.

Em uma de suas crônicas, Lya
Luft conta um episódio sobre a vida de sua mãe: “Minha mãe recentemente mudou
do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que
vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e,
mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e
simplificada, rejuvenesceu”.

Final de ano tem cara de
faxina, de colocar as coisas em dia e riscar velhas pendências da agenda e do
espírito. Hora de levar o carro para a revisão, fazer check-up da saúde,
esvaziar o escaninho, dar um corte no cabelo, ajustar as roupas na costureira,
colocar a moldura no quadro encostado e finalmente ir tomar um vinho em
companhia dos amigos com os quais você vive remarcando o encontro.

Quando tudo estiver limpo,
abramos portas, braços e janelas, passemos nosso melhor perfume e caminhemos
rumo ao sol do novo ano que se projeta. Afinal, de nada adianta pular sete
ondinhas e esperar a felicidade de braços cruzados!

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No último dia do ano haveremos de rever orgulhos e viabilizar reconciliações

No último dia do ano haveremos de rever orgulhos e viabilizar reconciliações

A vida tem dessas coisas malucas, que confundem nossa mente pouco treinada a complexidades. Como pode, no mesmo instante, termos fim e começo a um palmo do nariz? Os dois ali, parceiros, acenando em sintonia, sugerindo que nem sempre são antagonistas que disputam espaço e atenção. A vida tem dessas mágicas que nos permitem que sejamos, por um segundo, passado e futuro, saudosismo e expectativa, caminho esgotado e travessia a ser desbravada. À meia-noite de 31 de dezembro, agraciados pela decisão humana de dar reset no tempo e reinaugurar o calendário, somos linha de chegada e ponto de partida: metade do peito dizendo adeus ao que nos trouxe até aqui, a outra metade se abrindo em festa para o que virá.

Talvez seja só uma forma inocente de burlar as pelejas que nos castigam. Talvez seja uma tola inclinação à ilusão de que ter nas mãos o antes e o depois é possuir o poder de comandar o tempo, assumir as rédeas e decidir o que pode ficar e o que deve partir. Mas, ainda que conscientes de que começar do zero não significa ter o destino sob controle, preenchemos a alma com a esperança de reinventar a própria história. Mesmo que calejados pelas incontáveis fantasias frustradas, permitimos com entusiasmo que o novo se instale, reavivando nossa fé.

Pouco importa que no dia 2 de janeiro a normalidade acachapante bata à nossa porta alertando que o telhado ainda precisa de conserto e o cheque especial não foi coberto pela magia dos fogos de artifício. Deixemos pra lá os boletos atrasados, os amores diluídos, as feridas não cicatrizadas pela contagem regressiva. Pensemos na saúde que nos mantém de pé, nos sorrisos que colorem nossos dias, nas amizades que nos estruturam quando parece impossível não sucumbir. São besteira os quilos ganhados no Natal, a frase atravessada do colega de trabalho, o arranhão no carro, o medo de não conseguir. Nos apeguemos à convicção de que há e sempre haverá a oportunidade de reencontrar o eixo e restabelecer a paz (facilitada por um prato de lentilha e sete ondas puladas).

Não faz mal nos rendermos ao sonho de que tudo vai melhorar de um dia para o outro. Não custa a roupa branca, as sementes de uva guardadas na carteira, amortecer com doçura o peso de cada dor que nos deixou um pouco mais duros. Não há problema em nos vestirmos dos pés à cabeça de clichês e pieguices, pois são eles e não a racionalidade que nos permitem, aos trancos e barrancos, sobreviver. No último dia do ano haveremos de rever orgulhos, viabilizar reconciliações, agradecer pelas dádivas recebidas e perdoar os danos que fizeram tudo parecer cinza.

No último dia do ano haveremos de pincelar com um pouco de graça essa jornada que nos leva do chão ao topo num piscar de olhos, que nos faz em um dia abraçar o travesseiro aos prantos e no outro ter vontade de gritar aos céus como a vida vale a pena. Seremos o acumulado dos anos anteriores dando passagem para ares inéditos. Alicerçados nos perrengues que nos deram casca e nos prazeres que nos deram ânimo, uniremos o ontem e o amanhã em um só minuto. Poderemos, então, reiniciar a trajetória sem abrir mão do que já foi construído. No último dia do ano, ao brincar de recomeçar, estaremos treinando nossa habilidade de nos reerguermos nas quartas-feiras, numa manhã de inverno, às duas da tarde de um dia qualquer do mês de maio. O ano novo, em seus tons brilhantes e sedutores, é rascunho da coragem que nos é cobrada o tempo todo. É ensaio para a vida real.

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

10 filmes para apaixonados por livros na Netflix

10 filmes para apaixonados por livros na Netflix

O catálogo de filmes da Netflix possui opções para todos os gostos, inclusive para os amantes da literatura. A Revista Bula vasculhou o acervo do serviço de streaming e reuniu em uma lista dez ótimos longas que com certeza vão agradar os espectadores que gostam de ler. Todos os filmes selecionados foram baseados em livros, biográficos ou de ficção. Entre os destaques, estão “Mademoiselle Vingança” (2019), de Emmanuel Mouret; e “Um Reino Unido” (2016), dirigido por Amma Asante. Os filmes estão organizados de acordo com o ano de lançamento.

Bônus

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domingo, 29 de dezembro de 2019

Todos os filmes originais Netflix, classificados do pior ao melhor

Todos os filmes originais Netflix, classificados do pior ao melhor

A Netflix está investindo cada vez mais na produção de filmes exclusivos. Mais de duas centenas deles já foram lançados, e todos estão disponíveis na plataforma do serviço de streaming. A Bula avaliou as produções originais e as reuniu em uma lista, organizada do pior ao melhor filme. O ranking levou em conta as notas atribuídas aos títulos no IMDb, uma das maiores plataformas de cinema do mundo. Alguns destaques são: “Roma” (2018), de Alfonso Cuarón, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2019; e “O Menino que Descobriu o Vento” (2019), dirigido por Chiwetel Ejiofor. É importante lembrar que a lista não tem intenção de ser universal ou definitiva, apenas representa as avaliações recebidas pelos filmes na plataforma pesquisada.

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Fordlândia: uma cidade norte-americana na Amazônia

A fim de expandir seus negócios, o engenheiro Henry Ford, fundador da empresa automobilística Ford Motor…

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Os 10 melhores documentários disponíveis da Netflix

Os 10 melhores documentários disponíveis da Netflix

Além de serem uma boa forma de entretenimento, os documentários também disseminam conhecimento e fazem importantes denúncias sociais. Para aqueles que se interessam por histórias reais, a Revista Bula reuniu em uma lista os dez melhores documentários e séries documentais disponíveis na Netflix. Como critérios de avaliação, foram consideradas as notas que as produções receberam dos espectadores em sites especializados em cinema, como IMDB e Rotten Tomatoes. A seleção priorizou as produções que estão liberadas pelo serviço de streaming no Brasil. Entre os destaques, estão “The Vietnam War” (2017), de Ken Burns e Lynn Novick; uma das obras televisivas mais elogiadas dos últimos tempos; e “Wild Wild Country” (2018), dirigido por Chapman e Maclain Way.

Bônus

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