Alguns dos maiores mistérios da humanidade foram solucionados. O terceiro segredo de Fátima foi revelado. A fórmula da Coca-Cola foi publicada no livro “Por Deus, Pela Pátria e Pela Coca-Cola”, de Mark Pendergrast. Indiana Jones achou o Santo Graal. Basta uma visita ao YouTube para rever Lulu das Medalhas matando Odete Roitman. Mas quem é Elena Ferrante? Muito se especula sobre a verdadeira identidade dessa “escritora italiana”, que teria nascido em 26 de dezembro de 1943, em Nápoles, e estreou na literatura em 1991, com o romance “Um Amor Incômodo”. Escreveu também obras como “A Amiga Genial”, “Dias de Abandono” e o livro infantil “A Praia da Noite”. Alguns defendem que é pseudônimo do escritor Domenico Starnone, outros que é sua esposa, a tradutora Anita Raja. Muitos acreditam que os livros são escritos por uma equipe. Curiosamente, a tal equipe seria composta por quatro pessoas: três homens e uma única mulher. Mas o mistério continua. A Revista Bula, em mais um serviço de utilidade pública, montou um grupo internacional de investigação, usando seus contatos na Cia, InterpoL, Arquivo X, Illuminatis e Máfia, para levantar os nomes dos suspeitos mais prováveis. Segundo nossos cálculos, a probabilidade de acerto é de 99,9%. Um deles é Elena Ferrante.
Depois do sucesso de “O Nome da Rosa” e “O Pêndulo de Foucault”, Umberto Eco decidiu aventurar-se em uma experiência sócio-cultural e escrever livros usando um pseudônimo feminino de modo a estudar os impactos do anonimato na mídia de massa especializada em literatura. Criou seu próprio Salinger. Os resultados foram excepcionais, mas resultaram em um grave efeito colateral. Os romances do criador Umberto Eco foram ficando cada vez piores ao passo que as obras da criatura Elena Ferrante foram ficando cada vez melhores. A Tetralogia Napolitana foi terminada em 2014, com “A História da Menina Perdida”. Umberto Eco morreu em 2016. Espera-se que existam livros póstumos para ser lançados ou ainda que um ghost-writer seja contratado para continuar com o sucesso. Não se faz canja com a galinha dos ovos de ouro. Como diria Eco, a indústria cultural nunca para.
A lendária musa pornô provou ser inteligente e boa escritora em sua autobiografia. Decidida a aventurar-se na literatura de ficção, optou por usar um pseudônimo em função do receio de levar pau dos críticos.
A meditação budista levou-o a iluminação total, resultando na produção de alta literatura. Humilde, o craque de tranças optou por usar como pseudônimo o nome da mulher que foi em sua encarnação anterior. Estava decidido a revelar ao mundo seu segredo no momento em que levantasse a taça da Copa do Mundo de 1994. Mas o gol de Taffarel estava fechado por forças superiores e Baggio chutou para fora. Interpretou como um recado do universo. O segredo devia ser mantido. É seu carma.
O poliglota cardeal Joseph Ratzinger escreve muito bem em italiano. De reconhecido pendor literário, começou a escrever ficção nos subterrâneos do Vaticano. Ocultava-se com um pseudônimo para não chocar a Igreja. Mas, como se sabe, Ratzinger nunca quis ser Papa e em 2013 decidiu dedicar-se integralmente a atividade literária.
Acostumado a trabalhar disfarçado, o jornalista Roberto Saviano infiltrou-se na comunidade napolitana usando a identidade de Elena Ferrante. Depois que, usando seu nome real, lançou o livro reportagem “Gomorra”, no qual denuncia as relações do crime organizado com as instituições do país, foi obrigado a viver escondido sob escolta policial. Restou-lhe Elena Ferrante. Ferrado por um, ferrado por dois.
Um belo dia, mas não tão belo quanto Mônica Bellucci, Mônica Bellucci acordou maquiada e sem bafo e pensou: “cansei de ser sexy”. Decidiu ser escritora. A maior e melhor. Mônica Bellucci é sempre a maior e melhor. Para não humilhar o sol e os mortais, Mônica Bellucci teve piedade de nós e resolveu usar um pseudônimo. Às vezes Deus dá asa à cobra, convêm a cobra esconder.
O terrorista do bem Cesare Battisti nega que seja Elena Ferrante. Esse é um forte indício de que provavelmente ele é Elena Ferrante.
Por pura diversão, durante um cafezinho nos estúdios da rede Globo, a dupla de autores de novela resolveu criar o personagem de uma escritora misteriosa. Manuel Carlos sugeriu o nome de Helena. Benedito sugeriu que ela fosse italiana, extraindo a letra H do nome. A brincadeira foi longe demais e estão aí até hoje.
No início da década de 1990, o filósofo do “ócio criativo” decidiu usar seu tempo livre para escrever literatura. Resolveu usar um pseudônimo para que não cobrassem a aplicação de seus conceitos acadêmicos em sua produção literária. Queria escrever livremente, sem amarras.
Elena Ferrante é o pseudônimo de Elena Ferrante. Elena Ferrante acreditou que se usasse o pseudônimo de Elena Ferrante ninguém jamais imaginaria que seu verdadeiro nome é Elena Ferrante e poderia continuar no anonimato para sempre. É a velha tática ensinada por Edgar Allan Poe de esconder uma carta pondo-a a vista de todos.
Se Flaubert é Madame Bovary, eu confesso: sou Elena Ferrante.
Bula revela quem é Elena Ferrante publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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