Com tantas notícias sobre o novo coronavírus, uma família de vírus que causam infecções respiratórias, podendo levar à morte, filmes sobre pandemias, como “Contágio” (2011), de Steven Soderbergh, e “Epidemia” (1995), de Wolfgang Petersen, reaparecem entre os mais assistidos nos últimos dias. Da mesma forma, livros sobre o tema também estão na maioria das listas de leitura espalhadas pela internet. Para os que preferem ler uma boa obra a se desesperar com o surto, a Bula reuniu em uma lista dez indicações. Todos os títulos selecionados contam histórias reais ou fictícias sobre pandemias. Entre eles, estão “A Peste” (1947), de Albert Camus; e “A Dança da Morte” (1978), de Stephen King. Os livros foram originalmente citados pela revista norte-americana “Vulture”.
“Um Diário do Ano da Peste” é uma reportagem sobre a epidemia de peste bubônica que dizimou 70 mil vidas em Londres, no ano de 1665. O livro, que tem sido modelo de rigor descritivo há quase 300 anos, mistura realidade e ficção. O autor cria personagens e diálogos que recompõem um clima novelesco, mas sem deixar de registrar os fatos com o olhar apaixonado de um repórter. Autor do romance “Robinson Crusoé” (1719) e de mais de outras 500 obras, Daniel Defoe é considerado o primeiro grande romancista inglês, além de ter sido um precursor do jornalismo moderno. Ele morreu em 1731.
“Cavalo Pálido, Pálido Cavaleiro” é uma reflexão profunda sobre a natureza humana e a futilidade da guerra. Reúne três novelas essenciais na obra de Katherine Anne Porter: “Velha Mortalidade”, “O Vinho do Meio-Dia” e o conto que dá nome ao livro, considerado a obra-prima da autora. Um estudo sobre o mal, “O Vinho do Meio-Dia” é uma história de ganância e crime no Sul do Texas, inspirada na infância da autora. Em “Velha Mortalidade” enredam-se os primeiros anos e a vida adulta da heroína Miranda, alter ego de Porter. Num brilhante exercício de escrita, “Cavalo Pálido, Pálido Cavaleiro” revela a mente febril e os delírios de Miranda, que está à beira da morte após ter contraído gripe espanhola.
Em certa manhã, na cidade de Orã, na Argélia, o doutor Bernard Rieux sai do seu consultório e tropeça em um rato morto. Esse é o primeiro sinal de uma terrível epidemia que assombra a população. Sujeita à quarentena, a cidade torna-se um ambiente inóspito e os moradores são levados à loucura por causa do sofrimento. Mas, no meio disso, eles também descobrem o valor da compaixão e da solidariedade em tempos sombrios. “A Peste”, um dos livros mais lidos no período pós-guerra, consagrou Albert Camus como um dos autores fundamentais do século 20. Ele, que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, morreu em 1960, em um acidente de carro.
Um satélite espacial, com o objetivo de investigar possíveis vidas alienígenas, acaba saindo de órbita antes do tempo previsto e cai na Terra. Perto do local da queda, os moradores de uma pequena cidade no deserto do Arizona começam a morrer após serem infectados por uma bactéria que veio do espaço por meio do satélite. Equipes de buscas encontram apenas dois sobreviventes à pandemia: um idoso viciado e um bebê recém-nascido. Para investigar o ocorrido, o governo dos Estados Unidos mobiliza o Projeto Wild Fire, um protocolo de emergência ultrassecreto comandado por quatro dos cientistas mais importantes do país.
Em “A Dança da Morte”, um dos clássicos da literatura contemporânea, King cria uma história épica sobre o fim da civilização e a eterna batalha entre o bem e o mal. Após um erro de computação no Departamento de Defesa, um vírus é liberado, e um milhão de contatos casuais formam uma cadeia de morte: é assim que o mundo acaba. O que surge em seu lugar é um ambiente árido, sem instituições e esvaziado de 99% da população. É um lugar onde sobreviventes em pânico escolhem seus lados — ou são escolhidos. Os bons se apoiam nos ombros frágeis de Mãe Abigail, com seus 180 anos de idade, enquanto todo o mal é incorporado por um indivíduo de poderes indizíveis: Randall Flagg, o homem escuro.
“O Amor nos Tempos do Cólera” narra a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza. Ainda muito jovem, Florentino se apaixona por Fermina, mas o romance enfrenta a oposição do pai da moça, que tenta impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Tudo isso ocorre enquanto a Colômbia enfrenta uma epidemia devastadora de cólera. Fermina acaba por se casar com Juvenal Urbino, médico conceituado por erradicar a doença. Inesperadamente, após 53 anos da separação, ela reencontra Fermino. A trama é inspirada na história real de amor vivida por Gabriel Elígio García e Luiza Márquez, pais do autor.
Em uma grande cidade, um cabeleireiro que se traveste à noite para fazer programas, monta um sofisticado salão de beleza e cuida de aquários com diferentes espécies de peixes. Quando a cidade é assolada por uma peste implacável ainda desconhecida, ele começa a abrigar dentro de sua loja as pessoas doentes. Em nenhum momento aparece a designação da doença, mas é visível que se trata da AIDS. Ao mesmo tempo que se compadece dos que vão morrer, o cabeleireiro tenta manter uma certa distância e indiferença. “Salão de Beleza” foi escolhido por um júri de escritores e críticos latino-americanos como um dos 20 melhores relatos escritos em língua espanhola a partir de 1980.
Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha após as pessoas irem socorrê-lo. Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, torna-se uma epidemia. O governo decide agir e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados. Logo, os cegos se percebem reduzidos à essência primitiva humana, numa verdadeira luta por sobrevivência. As medidas do governo não funcionam e depressa o mundo se torna cego, com exceção de uma mulher misteriosa, que enxerga sozinha os horrores causados pela pandemia.
O livro acompanha o último sobrevivente da raça humana após uma catástrofe que dizima a Terra. Ele se autodenomina “homem das neves” e vive em um amargo isolamento, vivendo como um pária em seu próprio habitat. Quando não precisa sair em busca de comida em um deserto infestado de insetos, seu único prazer está em assistir a filmes antigos em DVD que o fazem lembrar do mundo de outrora. Como tudo veio abaixo tão depressa? Enquanto o Homem das Neves reconstitui suas lembranças, sua mente é povoada pelas vozes de seus amigos da juventude, o enigmático Crake e a sedutora Oryx, personagens-chave por trás do Projeto Paradiso, o grande responsável pela derrocada da espécie humana.
Certa noite, o famoso ator Arthur Leander tem um ataque cardíaco no palco, durante a apresentação de “Rei Lear”. Jeevan Chaudhary, um paparazzo com treinamento em primeiros socorros, vai em seu auxílio. A atriz mirim Kirsten Raymonde observa horrorizada a tentativa de ressuscitação cardiopulmonar enquanto as cortinas se fecham. Nessa mesma noite, uma terrível pandemia de gripe começa a se espalhar e destrói, quase por completo, toda a humanidade. Quase 20 anos depois, Kirsten é uma atriz na Sinfonia Itinerante. Com a pequena trupe de artistas, ela viaja pelos assentamentos do mundo pós-calamidade, apresentando peças de Shakespeare e números musicais para as comunidades de sobreviventes.
10 livros sobre pandemias em tempos de coronavírus publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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