A Revista Bula realizou uma enquete com o objetivo de descobrir
quais são, segundo os leitores, os melhores romances estrangeiros publicados no
século 21 e que tenham sido traduzidos para o português. A consulta foi feita a
colaboradores, assinantes — a partir da newsletter —, e seguidores da página da
revista no Facebook e no Twitter. Foram considerados apenas os romances publicados
a partir do dia 1º de janeiro de 2001, sendo apenas um livro por autor. Nos
casos de autores que tiveram mais de um livro citado, foi considerado o romance
que obteve o maior número de indicações na pesquisa. O critério de desempate,
quando necessário, foi a nota atribuída aos títulos na rede social de leitura
Skoob. Os livros foram divididos em cinco categorias, de acordo com o número de
indicações: +100, +70, +50, +30 e +20. As sinopses são adaptadas das utilizadas
pelas editoras.
Foram lembrados autores de diferentes países, principalmente
Estados Unidos, com cinco escritores na lista; e Japão, com dois. Coreia do Sul,
Itália, Alemanha, Chile, Nigéria, França e República Dominicana contam com um
autor cada. Entre os escritores cujas obras foram selecionadas, apenas três não
estão vivos: W. G. Sebald, Roberto Bolaño e Philip Roth. Com relação à idade, o
mais velho seria Philip Roth, que nasceu em maio de 1933, em Newark, nos
Estados Unidos; e morreu em 2018. Já a mais jovem é Chimamanda Ngozi Adichie,
que nasceu em 1977, em Enugu, na Nigéria.
Livros que obtiveram mais de 100 indicações
Em uma tarde de verão, em 1935, na Inglaterra, a adolescente Briony Tallis vê uma cena que atormenta a sua imaginação: sua irmã mais velha, sob o olhar de um amigo de infância, tira a roupa e mergulha, apenas de calcinha e sutiã, na fonte do quintal da casa de campo. A partir desse episódio, a menina, que nutre a ambição de ser escritora, constrói uma história fantasiosa. Por não entender o mundo adulto da paixão e da sexualidade, Tallis comete um erro que traz efeitos devastadores na vida de sua família e passa o resto de sua existência tentando desfazer o mal que causou.
Livros que obtiveram mais de 70 indicações
Kathy H. tem 31 anos e está prestes a encerrar sua carreira de “cuidadora”. Enquanto isso, ela relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, lagos, uma horta e gramados impecavelmente aparados. Mas, esse internato idílico esconde uma terrível verdade: todos os “alunos” são clones, produzidos com a única finalidade de servir como peças de reposição. Assim que atingem a idade adulta e cumprem um período trabalhando como cuidadores, todos têm o mesmo destino: doar os seus órgãos até morrerem.
Num futuro não muito distante, o planeta encontra-se totalmente devastado. As cidades foram transformadas em ruínas e pó, os céus ficaram turvos com a fuligem e os mares se tornaram estéreis. Os poucos sobreviventes vagam em bandos. Entre eles, um homem e seu filho, que não possuem praticamente nada, buscam a salvação e tentam fugir do frio, sem saber, no entanto, o que encontrarão no final da viagem. Essa jornada é a única coisa que pode mantê-los unidos e lhes dar esperança para continuar vivendo. Com “A Estrada”, Cormac McCarthy ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção de 2007.
Esse é o primeiro livro da Série Napolitana, escrita por Elena Ferrante, o pseudônimo de uma escritora italiana, cuja identidade é mantida em segredo. A série é composta por quatro romances que contam a história de duas amigas ao longo de suas vidas. As meninas se conhecem em uma vizinhança pobre de Nápoles, na década de 1950. Elena, a menina mais inteligente da turma, se aproxima da rebelde vizinha Lina. Essa menina, tão diferente de Elena, exerce uma atração irresistível sobre ela. As duas se unem, competem, brigam e fazem planos. Em um bairro marcado pela violência, as meninas crescem sonhando com um futuro melhor.
Livros que obtiveram mais de 50 indicações
Philip é um menino como tantos outros, apaixonado por sua coleção de selos. O pai é corretor de seguros. A mãe, dona de casa, e o irmão mais velho, desenhista. Como toda a população do bairro, a família Roth é judia. Nos anos 1940, época em que transcorre a narrativa, parece não haver melhor lugar no mundo para ser judeu do que os Estados Unidos. Mas, quando Franklin D. Roosevelt, ao tentar reeleger-se para um terceiro mandato, perde para o aviador Charles Lindbergh, o cenário se torna sombrio. Charles é um ardoroso defensor da Alemanha Nazista e acredita que os Estados Unidos devem se defender da “diluição das raças estrangeiras”. Agora, a vida de Philip e de sua família nunca mais será como antes.
Da São Francisco dos anos 1970 à Nova York de um futuro próximo, Jennifer Egan tece uma narrativa que alterna vozes e perspectivas, cenários e personagens para contar como os sonhos se constroem e se desfazem ao longo da vida. Obra é composta por histórias curtas: 13 faixas sobre relações familiares, indústria fonográfica, jornalismo de celebridades, efeitos da tecnologia, viagens e a busca por identidade versus o esfacelamento de ideais —, interligadas pelas memórias de um grupo de personagens em diferentes pontos de suas vidas. A obra deu à Jennifer Egan o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2011.
A vegetariana conta a história de Yeonghve, uma mulher comum que, pela simples decisão de não comer mais carne, transforma uma vida aparentemente sem maiores atrativos em um pesadelo perturbador e transgressivo. O romance apresenta o distanciamento progressivo da condição humana de uma mulher que decidiu deixar de ser aquilo que marido e família a pressionaram a ser a vida inteira. A recusa de Yeonghve é vista como radical e se torna uma escolha destrutiva, que parece infectar todos que são próximos a ela. Narrado a três vozes, “A Vegetariana” é uma história sobre rebelião, tabu, violência e erotismo.
Livros que obtiveram mais de 40 indicações
Michel Renault tem quarenta e poucos anos e passa seus dias tentando evitar ao máximo qualquer contato humano. Mas, após a morte de seu pai, ele decide fazer uma excursão para a Tailândia. Lá, ele conhece a rota do turismo sexual e se envolve com prostitutas tailandesas. Mas, outra integrante da excursão chama a atenção de Michel: Valérie, uma jovem agente de viagens. Ao voltarem da Tailândia, eles iniciam um tórrido romance. Publicado um pouco antes dos atentados de 11 de setembro, “Plataforma” aborda temas polêmicos, como a globalização, o islamismo, o livre comércio, o sexo, o consumo, e o neoliberalismo.
Nos Estados Unidos dos anos 1990, a família Lambert encarna a crise de valores da sociedade contemporânea. Alfred é um engenheiro aposentado, teimoso e cheio de manias agravadas pelo mal de Parkinson. Enid é uma dona de casa comum. O casal, na faixa dos setenta anos, vive às turras numa pequena cidade do Meio-Oeste americano. Os três filhos, Gary, Denise e Chip, foram para metrópoles da costa Leste a fim de se livrar da mediocridade da vida em família. A obra expressa o embate entre dois mundos inconciliáveis: o conservadorismo dos pais e o pragmatismo sem horizonte dos filhos.
O livro se passa em uma realidade paralela, no ano de 1Q84, uma clara homenagem do autor à obra “1984”, de George Orwell. Ao longo da história, duas vidas em paralelo se cruzam numa trama cheia de mistério e eventos surreais. De um lado, Aomame, uma mulher independente, lutadora de artes marciais, que esconde sua verdadeira profissão. Do outro, o leitor conhece Tengo, um rapaz que pretende ser escritor, mas se envolve num jogo perigoso ao reescrever um antigo romance. Devagar e de maneira inconsciente, Aomame e Tengo vão desbravando seus caminhos para se encontrarem, enquanto forças conflituosas tentam impedir o encontro deles.
Livros que obtiveram mais de 30 indicações
A vida nunca foi fácil para Oscar, um nerd dócil e obeso, de origem dominicana, que vive com a mãe, Belicia, e a irmã, Lola, em um gueto em Nova Jersey. Humilhado pelos colegas e isolado do mundo, ele passa as horas na companhia de livros e filmes de ficção científica e fantasia, sonhando em se tornar o J.R.R. Tolkien latino e, sobretudo, em encontrar um grande amor. No entanto, é possível que nunca realize seus desejos, em virtude de um fukú — uma antiga maldição que assola a família de Oscar há gerações, condenando seus parentes a prisões, torturas, acidentes trágicos e, acima de tudo, a paixões malfadadas. Oscar, que ainda anseia pelo primeiro beijo, é a vítima mais recente dessa maldição.
Filha de uma família rica e importante da Nigéria, Olanna rejeita participar do jogo do poder que seu pai lhe reservara em Lagos. Parte, então, para Nsukka, a fim de lecionar na universidade local e viver perto do amante, o revolucionário nacionalista Odenigbo. Sua irmã Kainene, então, assume os desejos do pai. Com seu jeito altivo, ela circula pela elite flertando com militares e fechando contratos milionários. Gêmeas não idênticas, elas representam os dois lados de uma nação dividida, mas presa a indissolúveis laços germânicos — condição que explode na sangrenta guerra pela criação do estado independente de Biafra.
Livros que obtiveram mais de 20 indicações
O livro é composto de cinco romances. A primeira história narra a saga de quatro críticos europeus em busca de Benno von Archimboldi, um escritor alemão recluso. Na segunda, há a agonia de um professor mexicano às voltas com seus problemas existenciais. O terceiro romance conta a história de um jornalista que acaba se envolvendo com crimes cometidos em Santa Teresa, no México. Na quarta parte do livro, os crimes de Santa Teresa são narrados com a frieza da linguagem jornalística das páginas policiais. Na quinta história, o leitor é conduzido de volta à Segunda Guerra e conhece o passado misterioso de Benno von Archimboli.
O professor Jacques Austerlitz explora uma estação ferroviária em Londres, coletando material para suas pesquisas, quando é subitamente tomado por uma visão retrospectiva que talvez o ajude a explicar o sentimento incômodo de ter vivido sempre uma vida alheia. A partir dessa experiência, suas andanças pelo continente europeu ganham um ímpeto bem mais que acadêmico: Austerlitz passa a reconstruir a própria biografia. Para cumprir essa tarefa, o professor terá de ir e vir entre diferentes décadas, países e cenários: um lar protestante no interior de Gales, um internato britânico, uma biblioteca em Paris, fortificações, palácios, campos de concentração, monumentos e banheiros públicos.
Quando Theo Decker, nova-iorquino de 13 anos, sobrevive milagrosamente a um acidente que mata sua mãe, o pai o abandona e a família de um amigo rico o adota. Desnorteado em seu novo e estranho apartamento na Park Avenue, perseguido por colegas de escola com os quais não consegue se comunicar e, acima de tudo, atormentado pela ausência da mãe, Theo se apega a uma lembrança poderosa de seu último momento ao lado dela: uma pequena, misteriosa e cativante pintura que acabará por arrastá-lo ao submundo da arte.
Os 15 melhores romances estrangeiros do século 21 publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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