A Revista Bula realizou, entre os meses de março e outubro de 2019, uma enquete com o objetivo de descobrir quais são, segundo os leitores, os melhores contistas da história da literatura brasileira. A consulta foi feita a colaboradores, assinantes — a partir da newsletter — e seguidores da página da revista no Facebook. Quatro mil e trezentos participantes, de 26 Estados e do Distrito Federal, responderam à enquete. Foram considerados apenas autores nascidos no Brasil ou naturalizados, como é o caso de Clarice Lispector. O critério de desempate, quando necessário, foi o número de contos incluídos no livro “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”, de Ítalo Moriconi, publicado em 2000. Os autores foram divididos em cinco categorias, de acordo com o número de indicações: +150, +100, +80, +50 e +30.
Foram citados escritores das regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste. Minas Gerais foi o estado com o maior número de escritores mencionados, com cinco indicações, seguido do Rio de Janeiro e São Paulo, com quatro indicados cada. A região Sul também teve quatro autores indicados. Entre os escritores selecionados, 13 não estão vivos: Murilo Rubião, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, José J. Veiga, Rubem Braga, Fernando Sabino, Lima Barreto, Caio Fernando Abreu, Antônio Carlos Viana, Orígenes Lessa, Moacyr Scliar e Monteiro Lobato. Com relação à idade, o mais jovem é o gaúcho Amilcar Bettega Barbosa, que nasceu em 1964, e o mais velho é o carioca Machado de Assis, nascido em 1839.
Autores que obtiveram mais de 150 indicações
Conhecida como a “dama da literatura brasileira”, Lygia Fagundes Telles é considerada a maior escritora nacional viva. Nascida em 1923, em São Paulo, ela iniciou sua carreira aos 15 anos. Entre seus 20 livros de contos, os mais conhecidos são “Antes do Baile Verde” (1970), “A Estrutura da Bolha de Sabão” (1991) e “Invenção e Memória” (2000). Lygia ganhou várias honrarias importantes, como o Prêmio Camões e o Jabuti.
Autores que obtiveram mais de 100 indicações
Formado em Direito, Murilo Rubião foi atraído pelo jornalismo e, mais tarde, se tornou escritor. Em 1947, aos 31 anos, ele lançou seu primeiro livro, “O Ex-mágico”. “O Pirotécnico Zacarias” (1974), “Os Dragões e Outros Contos” (1965) e “A Casa do Girassol Vermelho” (1978) são os principais livros do autor, que se dedicou exclusivamente aos contos. Nascido em 1916, na cidade de Carmo de Minas, Murilo Rubião morreu em 1991.
Rubem Fonseca nasceu em 1925, em Juiz de Fora, Minas Gerais; e exerceu diversas profissões, como policial e professor, até se dedicar exclusivamente à literatura. Também romancista e roteirista, ele se destacou nos contos. Os livros “Feliz Ano Novo” (1975), “O Cobrador” (1979) e “O Buraco na Parede” (1995) são algumas de suas obras mais conhecidas. Rubem Fonseca ganhou o Prêmio Jabuti em várias edições, além do Prêmio Camões, em 2003.
Considerado por muitos críticos o maior nome da literatura brasileira, Machado de Assis escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo romancista, cronista, contista, poeta e dramaturgo. Como contista, sua coletânea mais famosa é “Papéis Avulsos” (1882), mas vários de seus contos se destacaram individualmente, como “Missa do Galo” (1899), “A Cartomante” (1884) e “O Alienista” (1882). Machado de Assis nasceu em 1939, no Rio de Janeiro, e morreu em 1908.
Nascido em 1925, em Curitiba, Dalton Trevisan exerceu a advocacia por sete anos antes de se dedicar totalmente à literatura. Mas, ainda estudante de Direito, já divulgava seus contos em folhetos. É conhecido como “O Vampiro de Curitiba”, devido ao seu livro mais famoso, que leva esse nome e foi publicado em 1965. “Cemitério de Elefantes” (1964) e “A Trombeta do Anjo Vingador” (1977) são algumas de suas outras obras premiadas. Em 2012, Trevisan foi o vencedor do Prêmio Camões.
Autores que obtiveram mais de 80 indicações
João Guimarães Rosa é considerado o maior escritor brasileiro do século 20. Médico e diplomata, estreou na literatura em 1929, com o conto “O Mistério de Highmore Hall”. Ganhou destaque em 1946, com a coletânea “Sagarana”. “Primeiras Estórias” (1962) e “Tutameia — Terceiras Estórias” (1967) são os outros livros de contos mais conhecidos de Guimarães Rosa. Ele nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 1908; e morreu em 1967.
Clarice Lispector é uma escritora ucraniana naturalizada brasileira. Nasceu em 1920, em Chechelnyk, e morreu em 1977. Considerada uma das autoras mais importantes do século 20, publicou sete livros de contos, além de romances, crônicas e obras infantis. “Laços de Família” (1960) é sua coleção de contos mais aclamada, além de “Felicidade Clandestina” (1971) e “O Ovo e a Galinha” (1977). Clarice venceu o Prêmio Jabuti em 1961 e 1978.
Ainda que tenha publicado romances, novelas e peças de teatro, Sérgio Sant’Anna se considera um contista. Seu primeiro livro “O Sobrevivente”, foi lançado em 1969. “Um Crime Delicado” (1997), “O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro” (1983) e “O Voo da Madrugada” (2003) são algumas de suas obras mais aclamadas. Sérgio venceu quatro vezes o Prêmio Jabuti. Ele nasceu em 1941, no Rio de Janeiro.
Contista, ensaísta e tradutor, Monteiro Lobato começou a publicar seus contos em jornais no ano de 1912. Ele ficou conhecido pelo conjunto de sua obra de livros infantis, que constitui metade de sua produção literária. Mas, também se destacou como autor de contos para adultos. “Urupês” (1918), “Negrinha” (1920) e “Cidades Mortas” (1919) são alguns dos principais títulos. Monteiro Lobato nasceu em 1882, em Taubaté, São Paulo; e morreu em 1948.
Conhecido como o maior autor de realismo fantástico em língua portuguesa, José J. Veiga fez sua estreia como escritor em 1959, com o livro de contos “Os Cavalinhos de Platiplanto”, que lhe trouxe reconhecimento nacional. “O Risonho Cavalo do Príncipe” (1993) e “Aquele Mundo de Vasabarros” (1982) também estão entre suas obras mais famosas. Vencedor dos prêmios Jabuti e Machado de Assis, ele nasceu em 1915, em Corumbá de Goiás; e morreu em 1999.
Formado em Direito, Fernando Sabino ingressou no jornalismo por intermédio do escritor Murilo Rubião. Na literatura, fez sua estreia em 1941, com o livro de contos “Os Grilos não Cantam Mais”. Tornou-se um dos contistas e cronistas mais importantes do século 20 no Brasil, tendo como destaque as obras “O Homem Nu” (1960) e “A Mulher do Vizinho” (1962). Além disso, Fernando Sabino também publicou vários romances e novelas. Ele nasceu em 1923, em Belo Horizonte, e morreu em 2004.
Lima Barreto foi um escritor e jornalista que publicou romances, contos e crônicas em periódicos do início do século 20. Sua obra foi redescoberta pelo historiador Francisco Assis Barbosa e publicada em livros póstumos. Desde então, seus escritos foram reunidos em coletâneas, lançadas em várias edições. O conto “O Homem que Sabia Javanês” (1911) é considerado um dos mais importantes da literatura brasileira. Lima Barreto nasceu em 1881, no Rio de Janeiro, e morreu em 1922.
Escritor e jornalista, Rubem Braga se tornou famoso como cronista de jornais de grande circulação. Também foi correspondente de guerra na Itália e embaixador do Brasil no Marrocos. Com estilo irônico e bem-humorado, fazia duras críticas sociais em seus textos e combatia os governos ditatoriais. Ganhou, postumamente, o Prêmio Jabuti, em 2017 e 2018. Rubem Braga nasceu em 1913, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, e morreu em 1990.
Autores que obtiveram mais de 50 indicações
Caio Fernando Abreu nasceu em 1948, no município de Santiago, Rio Grande do Sul. Apontado como um dos maiores nomes de sua geração, venceu por três vezes o Prêmio Jabuti. Durante a ditadura, se escondeu no sítio da escritora Hilda Hilst, em São Paulo, e passou um ano exilado na Europa. Seus livros de contos mais famosos são “Morangos Mofados” (1982) e “Os Dragões não Conhecem o Paraíso” (1988). Caio Fernando Abreu morreu em 1996.
Médico e professor universitário, Moacyr Scliar ficou famoso por suas crônicas, publicadas nos principais jornais do país. Escreveu mais de 70 livros, tornando-se conhecido por seu estilo leve e irônico. “O Carnaval dos Animais” (1968), “O Olho Enigmático” (1986) e “Histórias que os Jornais não Contam” (2009) são algumas de suas coletâneas de contos mais aclamadas. Scliar venceu o Prêmio Jabuti em 1988. Ele nasceu em 1937, em Porto Alegre, e morreu em 2011.
Amilcar Bettega nasceu em 1964, em São Gabriel, no Rio Grande do Sul. Formado em Engenharia Civil e doutor em Letras, é considerado um dos maiores nomes da literatura atual. Além de ter participado de várias antologias, lançou três livros de contos: “O Voo da Trapezista” (1994), “Deixe o Quarto Como Está” (2002) e “Os Lados do Círculo” (2004). Foi vencedor dos prêmios Açorianos de Literatura e Portugal Telecom.
Luiz Vilela nasceu em 1942, em Ituiutaba, Minas Gerais, cidade onde reside ainda hoje. Formado em filosofia, estreou na literatura aos 24 anos, com o livro de contos “Tremor da Terra” (1967), pelo qual recebeu o Prêmio Nacional de Ficção. Já publicou cerca de 30 obras, entre as quais se destacam “O Fim de Tudo” (1973), “Contos da Infância e da Adolescência” (1996) e “O Violino e Outros Contos” (1989). Em 1974, Luiz Vilela venceu o Prêmio Jabuti.
Jornalista e escritora, Cíntia Moscovich publicou sua primeira obra individual, “Reino das Cebolas”, em 1996. Outros de seus livros de contos mais famosos são “Anotações Durante o Incêndio” (1998) e “Essa Coisa Brilhante que é a Chuva” (2012). Considerada uma das mais importantes autoras contemporâneas, já foi finalista dos prêmios Jabuti e Portugal Telecom. Cíntia nasceu em 1980, em Porto Alegre.
Autores que obtiveram mais de 30 indicações
Formada em comunicação e mestre em semiótica, Márcia Denser estreou na literatura aos 23 anos, com a coletânea de contos “Tango Fantasma” (1977). Conhecida pela escrita erótica, se destacou com as antologias “Diana Caçadora” (1986), “Toda Prosa” (2002) e “Toda prosa II” (2008). Hoje, Márcia Denser atua como professora e curadora de literatura. Ela nasceu em 1954, em São Paulo.
Mestre em teoria literária e doutor em literatura comparada, Antônio Carlos Viana foi um renomado escritor e professor universitário. Além de publicar livros didáticos, também se destacou como contista. “Brincar de Manja” (1974), “Em Pleno Castigo (1981) e “Jeito de Matar Lagartas” (2015) estão entre suas coletâneas mais aclamadas. Viana nasceu em 1944, em Aracaju, Sergipe; e morreu em 2016, na mesma cidade.
Orígenes Lessa é autor de importantes obras do século 20, principalmente o romance “O Feijão e o Sonho” (1938). Entre seus livros de contos, destacam-se “O Escritor Proibido” (1929), “Histórias Urbanas” (1963) e “Nova Mulheres” (1968). Orígenes também se dedicou à literatura infanto-juvenil e recebeu vários prêmios por seu trabalho. Membro da Academia Brasileira de Letras, ele nasceu em 1903, em Lençóis Paulista, e morreu em 1986.
Heloísa Seixas é uma escritora, tradutora e jornalista brasileira. Seu primeiro livro lançado foi a coleção de contos “Pente de Vênus: Histórias do Amor Assombrado” (1995). “Contos Mínimos” (2001), “Frenesi: Histórias de Duplo Terror” (2006) e “Contos Mais que Mínimos” são algumas de suas obras mais aclamadas. Ela nasceu em 1952, no Rio de Janeiro. Heloísa Seixas é casada com o também escritor e jornalista Ruy Castro.
Os melhores contistas da história da literatura brasileira publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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