O livro, que foi sucesso nos Estados Unidos, aborda a infância e juventude da autora com enfoque na sua relação com o pai e também outros membros de sua família. O que mais me chamou a atenção é a forma como a autora insere no texto referências sofisticadas da literatura, artes e cinema de maneira natural, sem parecer pedante. A autora utiliza alusões literárias para contar a sua história e de sua família.
Nesse período de quarentena recebi um ótimo presente, Fun Home: Uma Tragicomédia em Família, da cartunista americana Alison Bechdel. Em dias confusos e de incertezas em nossas vidas, nada melhor do que uma leitura inteligente, divertida e ao mesmo tempo sensível. São 240 páginas de ótimo texto e ilustrações. Já tinha ouvido falar de “Fun Home”, mas nada muito aprofundado. Confesso, que no início, até pensei que se tratava de mais uma história em quadrinhos comum. Felizmente fui surpreendida.
O livro, que foi sucesso nos Estados Unidos, aborda a infância e juventude da autora com enfoque na sua relação com o pai e também outros membros de sua família. O que mais me chamou a atenção é a forma como a autora insere no texto referências sofisticadas da literatura, artes e cinema de maneira natural, sem parecer pedante. De cara você é convidado a mergulhar e fazer um passeio pela mitologia grega. A autora utiliza alusões literárias para contar a sua história e de sua família. Nesse caso, a literatura serve como uma forma de identificação e compreensão dos eventos que perpassam a sua trajetória. Mesmo o leitor que nunca leu Proust, James Joyce ou Hemingway — somente para citar alguns —, conseguirá compreender o que a narradora diz. E isso é fundamental em qualquer livro, pois desperta e instiga o leitor a buscar e conhecer as obras desses autores que foram referendados.
Os títulos dos capítulos são inspirados em citações literárias. Por meio das memórias da autora, somos convidados a conhecer a história de uma família que beira a ficção. A narradora expõe suas experiências e vivências que culminam em sua descoberta como homossexual e sua decisão de assumir-se lésbica. Vale um destaque para as imagens que também marcaram minha leitura: para fazer as ilustrações, Alison Bechdel organizou um processo complexo, no qual fotograva a si mesma enquanto elaborava a graphic novel.
O tema morte e suicídio são frequentes. No início, de uma forma mais irônica, depois como algo mais sério. Quem ler vai entender o que estou dizendo! Desde muito cedo a família Bechdel lidou com a morte precoce e constantemente.
Por fim, o tema homossexualidade e morte são retratados no livro em um misto de tragédia e humor (às vezes humor negro), criando uma bela junção entre quadrinho, literatura e autobiografia.
Eu tive a oportunidade e o prazer dessa leitura por meio de um presente de uma amiga muito querida. Que tal presentear quem você gosta ou por que não se presentear?
Aproveitem e boa leitura!
Alison Bechdel
2006
Editora: Todavia
Tradução: André Conti
Foto do autor: Elena Seibert
Gênero: histórias em quadrinhos
240 páginas
Alison Bechdel nasceu em Lock Haven, na Pensilvânia, em 1960. É autora da tira de jornal Dykes to Watch Out For e de Você é minha mãe? (Quadrinhos na Cia., 2013). Seus quadrinhos apareceram em publicações como New York Times Book Review, Granta e New Yorker. Em 2006, Fun Home foi eleito o livro do ano pela revista Time e, em 2015, foi levado à Broadway num musical vencedor de cinco prêmios Tony.
Fun Home, de Alison Bechdel publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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