Há idosos demais atravancando as reformas que o país não pode mais prescindir. Como eu já disse, nasci por engano e sem um anjo torto para aporrinhar. Fui criado como gado, à larga, pastando no vale do silício da ignorância. Sinto um orgulho danado da minha estupidez. Não se fica reacionário da noite para o dia.
Que se dane. Abra você mesmo o seu próprio gabinete. Nasci por incidente. Não que a vida seja um equívoco completo. Não. Nada disso. Veja só a tiazinha do café. Mas, algo cheira mal nessa história toda e não são os palheiros da vizinha enfisematosa. Queria que ela morresse de uma vez por todas para mitigar os perrengues da Previdência Social. Há idosos demais atravancando as reformas que o país não pode mais prescindir. Como eu já disse, nasci por engano e sem um anjo torto para aporrinhar. Fui criado como gado, à larga, pastando no vale do silício da ignorância. Sinto um orgulho danado da minha estupidez. Não se fica reacionário da noite para o dia. A burrice tornou-se um vício; a arrogância, um loop maquinando na minha mente. Sou apegado às armas, aos beijos heterossexuais, às injúrias midiáticas e aos falsos paradigmas repetidos para confundir. Ciência, não; ciência é só mais uma lorota comunista para conquistar o mundo. Quisera chutar o traseiro de um cientista com a perna mecânica de um Roberto. Pequeno detalhe: um trem sem coração amputou a empatia que atravessava os trilhos de mim. Agora, sim, vejo que escrevo como um poeta. Bicha. Bichona. Quero ver alguém ter peito para declamar “Os Estatutos do Homem” em plena Wall Street. Isso a mídia golpista não mostra: que poesia é coisa de veado, que depressão é frescura, uma tristezinha-de-nada atravancando o meu passado de atleta. Aquele tipo de coisa que sai na urina, se é que me entende. Há uma peste global, produzida por laboratórios mongóis, testando a má fé dos homens. Vírus são para os covardes que se escondem em casa. Bem ou mal, os únicos micróbios em que acredito são maiores do que uma barata. Aliás, as minhas convicções interiores são os únicos seres vivos que sobreviveriam à radiação de um ataque nuclear. Digo tudo o que me vem à cabeça e ponto. O mau gosto é uma metralhadora giratória mais conhecida como liberdade de expressão. Nada mal para um sujeito sem predicados, cuja língua renega a conjugação da maioria dos verbos regulares. A conjunção carnal com uma virgem é um ideal que carrego desde os primórdios como frequentador de prostíbulos. Meu temperamento é explosivo como um bubão. O ódio é um micróbio contagioso e não tem máscara N-95 que dê jeito nisso. Alimento com difamações os defenestrados algoritmos do caos. Descendo da linhagem genealógica de uma família patriota, cristã, que atira só para ver o tombo do caboclo, e cujo sangue burguês banha de azul a carniça fria dos princípios morais. O maior pecado de um homem não é o aborto, é não aproveitar o que a vida tem de pior. Isso é o que eu chamo de fazer de um limão uma limonada. Por isso que eu morro um dia de cada vez. Não saque a arma ainda. O amanhã ninguém sabe, nem mesmo a mulata da previsão do tempo. Vai que Deus, colérico, irritável feito um intestino, pisa em mim como se eu uma fosse uma barata e ele, a perna mecânica de um Roberto.
Quando o coração se transforma num gabinete de ódio publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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