Sou o Vinícius Rodrigues, músico, blogueiro e que ama literatura. Sim, amo ler livros que sejam capazes de mudar a história da vida das pessoas.
Também gosto de ler notícias sobre arte, pintura, livros, lançamentos de músicas e assuntos políticos. Sou amante dos livros de história do Brasil.
O sucesso de uma viagem depende do planejamento com antecedência e por esse motivo muitos turistas já estão pesquisando os melhores destinos para 2020. Com base na procura dos internautas, o Airbnb, maior plataforma alternativa de acomodações do mundo, ranqueou os locais que mais cresceram na busca dos turistas e serão tendência no próximo ano. De acordo com o site, é notável que os viajantes estão procurando cidades e países menos conhecidos que demonstram preocupação com o meio ambiente. Desde grandes centros culturais a destinos emergentes que estão se beneficiando do turismo sustentável, a lista está cheia de paraísos escondidos, como Les Contamines-Montjoie, na França; e Querala, na Índia. Ubatuba, em São Paulo, é a representante brasileira no ranking.
1 — Milwaukee, Estados Unidos
Situada às margens do lago Michigan, Milwaukee é a maior cidade do estado de Wisconsin. É um local muito conhecido pelas cervejarias artesanais, como a Lakefront, Brenner e Sprecher. Mas, o município também é famoso pelos vários festivais de música e gastronomia que ocorrem durante todo o ano. Para os amantes de arte, o Milwaukee Art Museum, com mais de 25 mil obras, é uma parada obrigatória.
2 — Bilbau, Espanha
Bilbau é uma cidade portuária no norte da Espanha, rodeada por montanhas. É a capital do País Basco, uma das comunidades autônomas do país. Embora seja conhecida pelos arranha-céus, Bilbau tem um belo e boêmio centro histórico, com catedrais, mercados antigos e ótimas opções gastronômicas. Mas, o que colocou a cidade na rota do turismo foi o célebre Museu Guggenheim, inaugurado em 1997.
3 — Buri Ram, Tailândia
Buri Ram é uma pequena província que se localiza no nordeste da Tailândia, na fronteira com o Camboja. Ainda uma região rural, foi território do poderoso Império Angkor, que reinou entre os séculos 9 e 15. Os monumentos que restaram dessa época atraem turistas de todo o mundo. O maior deles é o santuário Phanom Rung, que fica no topo de um vulcão adormecido. Em 2020, a província sediará o MotoGP.
4 — Sunbury, Austrália
Localizada a apenas 40 km de Melbourne, Sunbury é uma cidade conhecida por suas belezas naturais, vinícolas e arquitetura vitoriana. Entre as principais atrações estão o Santuário Dingo Discovery, um zoológico que abriga dingos, cães selvagens do país; a Vinícola Craiglee, que produz muitos vinhos premiados; e a casa Rupertswood, uma mansão vitoriana com 50 quartos, construída em 1874.
5 — Romênia
Um dos países mais enigmáticos da Europa, a Romênia é conhecida pelas suas lendas, castelos e tradições culturais preservadas. A principal atração local é o castelo do Conde Drácula, lenda inspirada no príncipe Vlad III, que governou no século 15. Em Bucareste, chama a atenção o Palácio do Parlamento, o segundo maior prédio administrativo do mundo. Em Bucovina, os mosteiros pintados são verdadeiras obras de arte.
6 — Xiam, China
Berço da civilização chinesa, Xiam é uma cidade cheia de atrações culturais e gastronômicas. O principal ponto turístico é o Exército do Imperador Qin, uma coleção de esculturas de terracota que representa os guerreiros do primeiro imperador da China. Os montes e as muralhas de Xiam também atraem visitantes todo o ano. Em 2020, a cidade lançará um programa de turismo com 30 rotas de excursões noturnas.
7 — Eugene, Estados Unidos
No estado do Oregon, Eugene é considerada um polo da indústria de comidas orgânicas e atrai milhares de viajantes ecologicamente conscientes. A cidade mistura prédios modernos com ruas arborizadas, parques e lagos. Na primavera, o Jardim Owen Rose é a principal atração, com centenas de espécies de rosas coloridas. Eugene também tem muitas vinícolas, cervejarias artesanais e museus.
8 — Luxemburgo
Um dos menores países da Europa, Luxemburgo tem muito a oferecer aos turistas. Conhecido pelos altos índices de qualidade de vida, é cercado por florestas, vales e colinas. O centro histórico da Cidade de Luxemburgo, capital do país, foi tombado como Patrimônio Mundial pela Unesco. As áreas rurais são famosas por abrigarem vários castelos e construções históricas, além de belas vinícolas que oferecem visitas guiadas.
9 — Guadalajara, México
Segunda maior cidade do México, Guadalajara é conhecida pelo turismo histórico e possui mais de 20 museus. O centro histórico abriga a Plaza das Armas, a mais antiga, onde se encontra o Palácio do Governo de Jalisco, um ponto turístico importante. Catedrais, teatros e parques também fazem parte das atrações locais. Guadalajara é o berço da tequila e produz ainda hoje centenas de variedades da bebida.
10 — Vanuatu
Vanuatu é um país independente formado por um arquipélago de 82 ilhas, localizado na Oceania. Focado na agricultura familiar, o país possui altos índices de qualidade de vida e uma população muito receptiva. Vanuatu, com suas belas praias e cachoeiras cristalinas, é considerado um paraíso para os que desejam fugir da vida moderna. A ilha de Éfaté é a mais visitada e oferece desde bangalôs a resorts de luxo.
11 — Cali, Colômbia
Às margens do rio Cauca, Cali é a terceira cidade mais populosa da Colômbia. É conhecida como a “cidade da salsa” e atrai turistas em busca de noites animadas. Para quem não sabe dançar, os hotéis e academias da cidade oferecem aulas para os turistas. Museus, templos religiosos e o zoológico de Cali também estão entre as atrações locais. No centro histórico, bons restaurantes preparam pratos típicos colombianos.
12 — Cabo Canaveral, Estados Unidos
Cabo Canaveral é uma região do Condado de Brevard, na parte costeira do estado da Flórida. É conhecida como Costa Espacial, pois lá se encontram o Centro Espacial Kennedy (Kennedy Space Center — KSC), um complexo da NASA aberto a visitantes; e uma Base da Força Aérea norte-americana. Inaugurado em 1962, o KSC possui várias áreas temáticas que explicam tudo sobre astronomia. Em 2020, o centro lançará o Programa de Exploração de Marte.
13 — Aberdeen, Escócia
Conhecida como a “cidade do granito”, Aberdeen é um dos maiores municípios da Escócia. Banhada pelo Mar do Norte, Aberdeen é cercada por praias, dunas e penhascos. O castelo de Dunnottar, construção do século 15, é uma das principais atrações da cidade. O imponente Marischal College, o Museu Marítimo de Aberdeen, o Museu Tolbooth e o campus do King’s College Chapel também estão entre os pontos turísticos mais procurados.
14 — Courtenay, Canadá
Courtenay se localiza na província da Colúmbia Britânica, conhecida por suas praias, parques e reservas naturais que atraem milhões de turistas. Além disso, Courtenay é uma das principais cidades do Vale Comox, um importante complexo econômico do país. Para os que gostam de esportes, Courtenay oferece muitas atividades ao ar livre: estações de esqui, clubes de golfes, passeios de caiaque, trilhas e muitas ciclovias.
15 — Ubatuba, São Paulo
Ubatuba é a representante brasileira da lista. Cercada pela mata atlântica, é uma cidade litorânea que atrai famílias e surfistas durante o ano todo. Com 100 km de costa, Ubatuba possui 102 praias. Entre elas, algumas ganham destaque, como a Praia do Lázaro, Praia do Cedro, Domingos Dias e Ilha das Couves. À noite, o centro possui variedade de bares e restaurantes que movimentam a cidade.
16 — Les Contamines-Montjoie, França
Les Contamines-Montjoie é uma comuna localizada na região dos alpes franceses. Possui a maior e mais alta reserva natural do país, na cordilheira do Mont-Blanc, a 2.800 metros de altitude. Durante os meses de inverno, o local é procurado pelos turistas que gostam de esquiar. As construções em estilo barroco também chamam a atenção dos visitantes da comuna, como a Igreja da Santíssima Trindade e a Notre-Dame-de-la-Gorge.
17 — Tóquio, Japão
Uma das cidades mais modernas e tecnológicas do mundo, Tóquio também está na 14ª posição entre as mais visitadas todos os anos. Mas, além dos arranha-céus, a capital também oferece muitos parques, mercados, templos budistas e monumentos históricos. Cada distrito é especializado em algo: gastronomia, livros, eletrônicos e outros. Em 2020, Tóquio irá sediar os Jogos Olímpicos de Verão.
18 — Querala, Índia
Querala é o estado da Índia com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conhecido como “país de Deus”. Banhada pelo Mar Arábico, é uma região cheia de belezas naturais, famosa por suas especiarias e pela prática da medicina ayurvédica. Os passeios de barco pelos canais que cruzam o estado, as plantações de chá, os festivais religiosos e as praias paradisíacas são as maiores atrações locais.
19 — Malindi, Quênia
Localizada no litoral, Malindi é uma importante cidade histórica, um dos portos que recebeu Vasco da Gama em sua rota pela Índia, em 1498. Os parques marinhos Malindi e Watamu são áreas protegidas com praias de águas cristalinas, recifes de corais e muitas piscinas naturais. Entre os dois parques, fica Gedi, uma cidade abandonada no século 15, com ruínas de palácios e mesquitas. Nas reservas florestais, os safáris são a maior atração.
20 — Maastricht, Holanda
Maastricht é apontada como a cidade mais antiga da Holanda. Colonizada pelos romanos, mistura elementos das arquiteturas romana e holandesa. O principal passeio é a Caminhada da Fortificação, que passa pelos monumentos medievais e históricos de Maastricht. No centro da cidade, também é possível conhecer belas praças, parques e basílicas. Durante todo o ano, Maastricht recebe muitos festivais culturais e gastronômicos.
A
obra de Hannah Arendt é cada vez mais influente e engana-se quem pensa que sua
filosofia — por ser lida e discutida de maneira ampla — é superficial. Na
verdade, é densa, mas, como escreve com clareza, é mais bem compreendida e
estudada do que, por exemplo, Kant, um filósofo, a rigor, mais
filósofo-filósofo. A judia alemã é uma filósofa-ensaísta e, nos seus estudos
mais pesados, filósofa-filósofa. Como debateu a política — estudou detidamente
o totalitarismo nazista e o totalitarismo comunista —, a academia apropriou-se
de suas ideias, nem sempre com a precisão esperada. Fica-se com a impressão de
que há várias Hannah Arendt, dependendo de quem está apresentando suas ideias.
Se for um marxista, a autora de “A Condição Humana” se torna praticamente uma
marxista — o que, claro, não era. Liberais tentaram transformá-la em liberal, o
que não era. O que, então, Hannah Arendt era-é? Ah, sim: Hannah Arendt — é uma,
por assim dizer, democrata radical.
Se
no mundo acadêmico Hannah Arendt é ampla e merecidamente estudada, o que parece
despertar o interesse do público é seu ensaio “Eichmann em Jerusalém — Um
Relato Sobre a Banalidade do Mal” (Companhia das Letras) e, sobretudo, a
história de sua paixão por Martin Heidegger, o mais importante filósofo alemão
depois de Kant.
Há
biografias de qualidade que destacam o caso entre Hannah Arendt e Heidegger,
apresentando-o de maneira correta, e não como fofoca. A autora de “Entre o
Passado e Futuro” foi discípula, mesmerizada, e amante, apaixonada, do autor de
“O Ser e o Tempo”. “Hannah Arendt e Martin Heidegger — História de um Amor”
(Perspectiva, 416 páginas, tradução de Luis Marcos Sander), de Antonia
Grunenberg, é, tudo indica, obra de caráter sério. A editora informa: “O mais
conhecido e comentado romance da história da filosofia trazido ao público em
todos os seus detalhes, iluminando a trajetória de dois dos mais influentes
pensadores da atualidade. A autora consegue a proeza de contextualizar
filosofia, política, limites éticos e, naturalmente, o amor com rigor e
imparcialidade. Traz a atmosfera de grande ebulição criativa e de extrema
polarização política de um dos séculos, o século 20, de maior desenvolvimento e
cooperação na cultura e na ciência e de maior letalidade em conflitos armados”.
O
que importa? Apesar da paixão, Hannah Arendt e Martin Heidegger não pensavam da
mesma forma. Eram e permanecem diferentes.
Às vezes, tudo o que precisamos é de pipoca e um filme que nos faça rir. E o catálogo da Netflix é recheado de bons filmes de comédia. Para ajudar aqueles que ficam indecisos na hora de escolher um filme, a Revista Bula realizou uma seleção com os dez longas mais engraçados disponíveis no serviço de streaming. Entre eles, destacam-se o recente “Meu Nome é Dolemite” (2019), de Craig Brewer; o francês “Marguerite” (2016), de Xavier Giannoli; e “Família do Bagulho” (2013), dirigido por Rawson Marshall Thurber. Os filmes estão organizados de acordo com o ano de lançamento e não seguem critérios classificatórios.
Meu Nome é Dolemite (2019), Craig Brewer
Nos anos 1970, o comediante Rudy Ray Moore torna-se um sucesso entre a população negra norte-americana. Inserindo piadas sujas e palavrões nas histórias que ouve na rua, ele cria Dolemite, seu personagem mais famoso. Decidido a ampliar seus horizontes, Rudy resolve fazer um filme independente sobre Dolemite. Mas, além das complicações para gravar o longa, ele enfrenta dificuldades para exibi-lo no circuito comercial.
O Despertar de Motti (2019), Michael Steiner
Motti, um jovem judeu ortodoxo, encontra-se em um momento decisivo da vida. Sua mãe acredita que ele deve se casar e vive lhe apresentando candidatas ao matrimônio. Mas, as mulheres que a mãe escolhe têm um problema: todas se parecem com ela. Ao mesmo tempo, Motti se apaixona secretamente pela não judia Laura, sua colega da faculdade. Laura é uma garota liberal e certamente não seria aceita como nora por sua mãe.
La Vingança (2017), Fernando Fraiha e Jiddu Pinheiro
Caco está prestes a pedir sua namorada Júlia em casamento, mas acaba descobrindo que ela está lhe traindo como um argentino. Arrasado, ele é convencido pelo amigo Vadão a tentar recuperar o amor da ex. Assim, os dois pegam a estrada com destino a Buenos Aires, dirigindo um Opala laranja 1972. Enquanto Vadão tenta reviver as loucuras da adolescência ao lado de Caco, o amigo só pensa em voltar com Júlia.
Toc Toc (2017), Vicente Villanueva
Nessa comédia espanhola, seis personagens com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) se reúnem na sala de espera de um psiquiatra milagroso, o dr. Palomero, que está atrasado. Com a ausência do profissional, eles entendem que terão que resolver seus problemas sozinhos. Dessa forma, a sala de espera se transforma numa terapia em grupo e os personagens vão se tornando amigos depois de tantos desabafos.
Em Toda Parte (2016), Yvan Attal
Na França, o judeu Yvan se sente perseguido pelo avanço do antissemitismo. Mesmo com o belo discurso pós-guerra, ele ainda percebe o preconceito dos franceses. Frequentemente, ele escuta de seus amigos que está exagerando e é paranoico. Procurando alívio, Yvan decide ir ao terapeuta desabafar sobre seus medos. Suas histórias tragicômicas, contadas no consultório, desconstroem os maiores clichês antissemitas da atualidade.
Marguerite (2016), Xavier Giannoli
Inspirado em uma história real, o filme se passa nos anos 1920 e acompanha a vida de Marguerite Dumont, uma mulher milionária e generosa. Apaixonada por música, ela é muito desafinada, mas acredita que possui uma belíssima voz e realiza concertos privados em sua casa. Devido à sua influência, ninguém tem coragem de lhe contar a verdade. Até que, um dia, Marguerite decide se apresentar em público.
Kara Bela (2015), Burak Aksak
Kudret sempre viveu seguindo todas as regras. Mas, após perder o pai e a esposa, ele subitamente decide se aventurar. Assim, ele pega seu carro e viaja para Antep, uma cidade do outro lado da Turquia. No caminho, Kudret faz amizade com alguns desajustados e lhes oferece carona. Ele finalmente pode dizer que está feliz de novo, mas por causa de seus novos amigos, começa a ser perseguido por assassinos perigosos.
Mi Gran Noche (2015), Álex de la Iglesia
Um programa especial de Ano Novo é gravado antecipadamente, em outubro. Para que tudo dê certo, centenas de pessoas passam dias trancadas no set, encenando a falsa celebração de passagem de ano. As tensões aumentam e as duas estrelas musicais, Alphonso e Adanne, começam a brigar. Ao mesmo tempo, os apresentadores do programa competem entre si pela atenção do produtor.
Que Mal Eu Fiz a Deus? (2014), Philippe de Chauveron
Claude e Marie são franceses conservadores, católicos e, por vezes, preconceituosos. Eles têm quatro filhas e ficaram decepcionados quando três delas se casaram com homens de diferentes nacionalidades e religiões. Quando a caçula anuncia que seu noivo é católico, eles se animam e decidem reunir as famílias para o casamento. Mas, ao conhecerem o genro, eles percebem que ele não é exatamente como esperavam.
Família do Bagulho (2013), Rawson Marshall Thurber
Após ter seu estoque de drogas roubado, o atrapalhado traficante David Clark fica devendo seu chefe. Como pagamento, ele deve contrabandear uma enorme quantidade de maconha do México. Para passar despercebido pela alfândega, ele contrata a stripper Rose para fingir ser sua esposa. A delinquente Casey e seu vizinho Kenny também participam do plano, passando-se por seus filhos. Assim, eles formam os Miller, uma família desequilibrada viajando de férias para o México.
Bônus
Monty Python’s — A Vida de Brian (1979), Terry Jones
Brian Cohen é um judeu que vive uma vida paralela à de Jesus Cristo e se alia a grupos contra o domínio romano. Um dia, para fugir dos guardas, ele finge ser um pregador, mas suas palavras são levadas a sério e ele ganha uma multidão de seguidores. Brian passa a ser visto como o salvador da humanidade, mas quer apenas se livrar dos fiéis, que imitam cegamente tudo o que ele faz.
Os
tempos são outros. E continuam difíceis. Os meus heróis deixaram de morrer de
overdose para morrer de velhice, suaves e tranquilos, feito passarinhos. Foi
assim que a família noticiou o apagamento em definitivo do cantor e compositor
paulista Walter Franco. E eu que jurava que ele fosse mineiro. Como sou burro.
Arrebatado por um acidente vascular cerebral, aos 74, acabou lacrando a média
de expectativa de vida no Brasil. Em polêmicos tempos de reforma previdenciária
pelo Congresso Nacional, Walter Franco escapou com sobras da maldição do Clube
dos 27, da qual foram vítimas alguns ícones da música, como Jimi Hendrix, Jim
Morrison e Janis Joplin.
Preciso
confessar a minha ignorância. No fundo, no fundo, eu conhecia apenas três
canções do Walter, que deve ser uma espécie de parente meu, um primo distante,
já que também assino o sobrenome “Franco”. A despeito de parentescos, espero,
sinceramente, que ele me perdoe pelo conhecimento raso e pela falta de
engajamento cultural, onde quer que ele esteja, se é que está nalgum lugar,
além da imaginação fértil e da memória afetiva das pessoas. Gosto muito de
“Vela aberta” (a minha preferida nesta resumida trinca de joias), “Coração
tranquilo” e “Serra do luar”.
A
morte de um artista sempre me afeta de uma maneira peculiar, nostálgica. Não
sei bem como explicar. Há anos atrasado, dediquei-me a escutar o repertório
autoral do Walter, desde que soube do seu falecimento. Particularmente
envergonhado, tomei a iniciativa de pesquisar mais sobre a sua vida
profissional e constatei que, aparentemente, ele teve uma carreira consagrada
pelos seus pares, mas, subestimada, no geral. Não se pode afirmar que ele tenha
sido um cantor popular, muito menos, que tenha recebido do público o devido
reconhecimento. Tanto assim que foi rotulado, provavelmente, pela crítica
especializada e pelos gestores do mercado consumidor, como um artista
“maldito”, seja lá o que o termo signifique. Se a referida alcunha denota um
sujeito que produz arte de forma livre, desapegado aos padrões vigentes, à
margem das exigências estéticas, mercadológicas e do senso comum, então, eu
fico com os malditos, os malucos belezas de quem falou Raul.
Vive-se
uma duradoura estiagem criativa na música popular brasileira, a qual expõe as
chagas da irrelevância, a “sofrência” cultural de que nos falou, recentemente,
com muita propriedade, o icônico cantor Milton Nascimento, este sim, mineiro de
carteirinha. Foi dentro deste contexto de estarrecimento, remorso e autocrítica
que acabei me deparando com Walter Franco. E foi justamente num sonho que ele
me falou, ou melhor, que ele cantou.
— Amor, vim te buscar em pensamento. Cheguei agora no vento. Amor, não chora de sofrimento. Cheguei agora no vento.
—
Que canto é esse, Walter? Você tá morto, cara.
— O que é que tem nessa cabeça, irmão? Saiba que ela pode explodir. Eu só voltei pra te contar.
—
Tenho medo, Walter. Nunca conversei com os mortos. Não que eu me lembre.
— Quem tem tutano, tutano tem. Que não tem tutano, tutano não tem.
—
Francamente, Walter. Que droga de conversa mediúnica é essa? Você tá me
assustando.
— Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.
—
Me explica como é que eu faço isso, primo.
— Abra os braços. Respire fundo e corte os laços todos deste mundo. Quem puxa aos seus não degenera.
—
Não é tão simples quanto parece. O que é a vida, afinal?
— Viver é afinar um instrumento, de dentro pra fora, de fora pra dentro, a toda hora, a todo momento, de dentro pra fora, de fora pra dentro. Revolver.
—
Você vai fazer falta, Walter, pode crer. O Brasil está demandando lideranças
inteligentes, cabeças livres e pensantes, artistas visionários e irreverentes
como você. Vai deixar saudade. Sinto uma angústia danada aqui por dentro, não
sei bem como te explicar.
— É uma dor canalha que te dilacera. É um grito que se espalha. Também pudera, não tarda nem falha, apenas te espera num campo de batalha.
—
Desde os primórdios, na época dos grandes festivais, você foi considerado um
artista de vanguarda, um poeta marginal, incompreendido, que não falava
diretamente aos ouvidos do povão. Como você se sente em relação a isso?
— Que seja feita a vontade do povo.
—
E agora? Quais são os projetos para uma vida a ser vivida no Além? Existe
futuro aí no céu?
— Quero os horizontes novos. Sou irmão de outros povos que estão para além do mar.
—
A gente vai se encontrar um dia, primo?
— Não me pergunte. Não me responda. Não me procure. E não se esconda. Não diga nada. Saiba de tudo. Fique calado. Me deixe mudo.
—
Pra terminar esse meu alegre devaneio, que tal deixar uma mensagem para o povo
brasileiro?
— Eu te amei como pude. Feito lixo que queima. Feito bicho que se espanta. Eu te amei como pude. E eu quero que esse afeto saia. Ou não. Até breve.
Se alguém me pedisse para definir Susan Sontag numa
frase, eu diria: “A intelectual que queria ser tudo”. Trata-se de uma mulher
plural: crítica literária, ensaísta de primeira linha e, sim, prosadora (aquém
da ensaísta, é certo, mas integrante de um ilustríssimo segundo time, assim
como Edmund Wilson, que, como prosador, é membro de um honroso terceiro time).
Escreveu muito bem sobre vários temas — como fotografia e cinema — e
escritores, como Machado de Assis e Elias Canetti. Era crítica severa do uso de
doenças como metáfora, tipo “fulano é o câncer da humanidade” (rezo pela mesma
cartilha e jamais chamo alguém de “lixo”, por exemplo). Pode-se dizer, sem
receio de errar, que será considerada, com o tempo, uma pensadora da cultura,
tal a qualidade e vigor de suas ideias e interpretações. Susan Sontag não deixa
seus leitores indiferentes — os pró, os contra e os colunas do meio.
Uma mulher múltipla é difícil de apreender e,
portanto, de explicar. Depois de biografar Clarice Lispector, a grande
ucraniana-brasileira, o americano Benjamin Moser voltou-se para a vida — ou
vidas — de Susan Sontag. O resultado está chegando às livrarias: “Sontag — Vida
e Obra” (Companhia das Letras, 704 páginas, tradução de José Geraldo Couto).
A Editora Companhia das Letras assegura, na nota
disposta nos sites das livrarias, que o livro de Benjamin Moser se trata do
“retrato definitivo de Susan Sontag”. Claro, é publicidade. Porque, no campo
intelectual, não se pode falar em “biografias definitivas”. A obra (e a vida)
da multi-crítica americana continuará a ser examinada e novos pontos serão
descobertos, discutidos e apontados. Portanto, adiante, o leitor terá outras
biografias em mãos — até mais detalhadas do que a atual. Mas, de fato, o jovem
americano é um pesquisador criterioso — um verdadeiro detetive intelectual. Ele
torna suas personagens “maiores” — gigantes —, não por criar mitos, e sim por
mostrá-las na sua integralidade, com o apontamento de virtudes e defeitos, sem
aumentá-los nem reduzi-los. Um ser humano, intelectual ou não, se torna mais
rico quando é mostrado de maneira ampla, sobretudo com as contradições
ressaltadas com precisão. Sugerir que uma intelectual é insegura não equivale a
sustentar que suas ideias eram frágeis.
O informe integral da Cia das Letras: “O retrato definitivo de Susan Sontag, uma das intelectuais mais importantes do século 20: sua escrita e seu pensamento radical, seu ativismo público e sua vida privada pouco conhecida. Susan Sontag é uma escritora que representa como ninguém o século 20 americano. Envolta em mitos e incompreendida, louvada e detestada, ela foi uma menina dos subúrbios que se tornou símbolo do cosmopolitismo. Sontag deixou um legado intelectual que abrange uma imensidade de temas, como arte e política, feminismo e homossexualidade, medicina e drogas, radicalismos e fascismo, e que é uma chave indispensável para entender a cultura da modernidade”.
“Nesta biografia, Benjamin Moser (autor de ‘Clarice,
Uma Biografia’) conta essas histórias e examina o trabalho sobre o qual a
reputação de Sontag se construiu. Ele explora a angústia e as inseguranças por
trás da formidável persona pública e mostra suas tentativas de responder às
crueldades e aos absurdos de um país que tomava um rumo equivocado, com a convicção
de que a fidelidade à alta cultura era um ativismo em si. Com centenas de
entrevistas e quase cem imagens, este é o primeiro livro que tem como fontes os
arquivos privados da escritora e várias pessoas que por muito tempo não se
manifestaram sobre Sontag.”
A biografia chega bem comentada. Rebecca Solnit: “O
feito de Benjamin Moser é de tirar o fôlego”. Chris Kraus: “Nesta biografia
brilhante e há muito aguardada, Benjamin Moser nos mostra como ler Sontag […] e
revela a extensão e os limites do seu gênio”. Stephen Fry: “A biografia
monumental de Benjamin Moser revela a história supreendentemente dócil,
insegura, simples e a dedicação intelectual de uma das figuras literárias mais
notáveis que surgiram no século 20 americano”.
Livro, pois, a figurar na lista de leitura de todos
que se interessam por cultura. Imperdível, ao menos para mim, que às vezes
admiro e às vezes não admiro Susan Sontag. Mas respeito suas ideias, sempre.
Porque, tal como em Hannah Arendt, há uma inteligência privilegiada no que expõe
e disseca. Há uma firme e prazerosa paixão pelo saber. Ela era realmente “a
mulher que queria ser tudo”. E, de fato, era.