terça-feira, 8 de outubro de 2019

Como entender o Batman

Como entender o Batman

Escrevi aqui na Bula sobre o Coringa e um monte de gente saiu me xingando, mas a culpa é do Batman e não minha. Digo e provo. O Homem-Morcego justifica e explica o Coringa e, sem entender o herói, fica difícil curtir a história do vilão.  

Afinal,
o que é o Batman? Um bilionário que se veste de morcego e sai à noite para
espancar gente pobre. Ele podia usar a imensa fortuna que tem para promover ações
sociais, mas não — prefere dar porrada em excluído. Gotham City é uma cidade extremamente
violenta, mas Bruce Wayne alguma vez pensou em organizar uma campanha junto aos
amigos bilionários para equipar a polícia? Não. Ele prefere agir acima da lei.
E apesar de ser um vigilante mascarado, praticamente um miliciano, conta com a
cumplicidade e complacência do comissário de polícia. É assim que funciona o
sistema, parceiro.

Outro
problema bastante sério em Gotham é a segurança das penitenciárias. O Batman
pega o Coringa, o Coringa escapa. Prende, escapa de novo. E de novo e de novo e
de novo. A mesma coisa acontece com Duas-Caras, Pinguim, Mulher-Gato e o resto
da bandidagem. Mas o bilionário Bruce Wayne já doou algum dinheiro para
melhorar a segurança dos presídios? Já contribuiu para trocar as fechaduras,
pelo menos? É claro que não. Sem os delinquentes soltos, como ele daria vazão
ao seu sadismo fetichista? Batman precisa deles na rua, provocando o caos, para
que ele possa posar como agente da ordem, embora seja também um fora-da-lei.

O
Coringa, meus amigos e minhas amigas, é tipo o Adélio Bispo do Bruce Wayne. Ele
só não está no Asilo Arkham porque aqui não tem sucursal.

(Se
eu fosse esperto, parava o artigo aqui. Mas eu sou uma besta, sempre fui. Vivo
arrumando encrenca quando não preciso. Deve ser patologia.)

Existe,
ainda, uma outra questão polêmica e difícil de abordar nesses tempos obtusos,
mas precisamos falar sobre ela também. Não quero fazer intriga, mas Bruce Wayne
vive numa mansão com um mordomo inglês e vários órfãos que ele decidiu,
digamos, adotar. O cara é uma espécie de Angelina Jolie de Gotham City. Só que,
ao contrário da atriz, ele obriga os rapazes a sair na rua de cueca e colã para
dar porrada em criminosos. Expõe os jovens ao perigo e ainda lhes fornece uma
péssima formação moral e política. Isso deveria ser tema de conselho tutelar ou
ser enviado pra vara da infância e juventude. Mas Bruce Wayne permanece
intocável, pois é assim que a elite age em Gotham City, meus amigos.

Para
finalizar, minhas queridas e meus queridos, gostaria de dizer que o Batman e o Coringa
são farinha do mesmo saco. São duas faces de uma mesma moeda gigante que fica
na bat-caverna, bem ao lado do tiranossauro-rex empalhado. Os dois são frutos
doentios da nossa adorada, porém muito sofrida Gotham City. Por isso, votem
direito na próxima eleição. Oswald Cobblepot 2022. Gotham City é a gente que
faz.

Como entender o Batman publicado primeiro em https://www.revistabula.com



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