terça-feira, 29 de outubro de 2019

A paixão de Hannah Arendt pelo filósofo nazista Heidegger

A paixão de Hannah Arendt pelo filósofo nazista Heidegger

A
obra de Hannah Arendt é cada vez mais influente e engana-se quem pensa que sua
filosofia — por ser lida e discutida de maneira ampla — é superficial. Na
verdade, é densa, mas, como escreve com clareza, é mais bem compreendida e
estudada do que, por exemplo, Kant, um filósofo, a rigor, mais
filósofo-filósofo. A judia alemã é uma filósofa-ensaísta e, nos seus estudos
mais pesados, filósofa-filósofa. Como debateu a política — estudou detidamente
o totalitarismo nazista e o totalitarismo comunista —, a academia apropriou-se
de suas ideias, nem sempre com a precisão esperada. Fica-se com a impressão de
que há várias Hannah Arendt, dependendo de quem está apresentando suas ideias.
Se for um marxista, a autora de “A Condição Humana” se torna praticamente uma
marxista — o que, claro, não era. Liberais tentaram transformá-la em liberal, o
que não era. O que, então, Hannah Arendt era-é? Ah, sim: Hannah Arendt — é uma,
por assim dizer, democrata radical.

Se
no mundo acadêmico Hannah Arendt é ampla e merecidamente estudada, o que parece
despertar o interesse do público é seu ensaio “Eichmann em Jerusalém — Um
Relato Sobre a Banalidade do Mal” (Companhia das Letras) e, sobretudo, a
história de sua paixão por Martin Heidegger, o mais importante filósofo alemão
depois de Kant.


biografias de qualidade que destacam o caso entre Hannah Arendt e Heidegger,
apresentando-o de maneira correta, e não como fofoca. A autora de “Entre o
Passado e Futuro” foi discípula, mesmerizada, e amante, apaixonada, do autor de
“O Ser e o Tempo”. “Hannah Arendt e Martin Heidegger — História de um Amor”
(Perspectiva, 416 páginas, tradução de Luis Marcos Sander), de Antonia
Grunenberg, é, tudo indica, obra de caráter sério. A editora informa: “O mais
conhecido e comentado romance da história da filosofia trazido ao público em
todos os seus detalhes, iluminando a trajetória de dois dos mais influentes
pensadores da atualidade. A autora consegue a proeza de contextualizar
filosofia, política, limites éticos e, naturalmente, o amor com rigor e
imparcialidade. Traz a atmosfera de grande ebulição criativa e de extrema
polarização política de um dos séculos, o século 20, de maior desenvolvimento e
cooperação na cultura e na ciência e de maior letalidade em conflitos armados”.

O
que importa? Apesar da paixão, Hannah Arendt e Martin Heidegger não pensavam da
mesma forma. Eram e permanecem diferentes.

A paixão de Hannah Arendt pelo filósofo nazista Heidegger publicado primeiro em https://www.revistabula.com



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